O Espro apresenta os resultados da primeira edição da sua “Pesquisa Diversidade Jovem”, voltada a descobrir as percepções de adolescentes e jovens brasileiros sobre diversidade e desafios relacionados a temas como raça/etnia, orientação sexual, identidade de gênero, pessoas com deficiência e religião. De acordo com o estudo, 33% dos adolescentes e jovens entrevistados não se identificam com a cisheteronormatividade, ou seja, com os padrões pré-estabelecidos de gênero em consonância com o sexo biológico. Bissexuais somam 20%, enquanto homossexuais representam 5% do total. Assexuais e panssexuais são 2% e 4%, respectivamente.

A pesquisa evidencia que igrejas e encontros familiares são os ambientes mais inibidores para os jovens quando o assunto é sexualidade. Para 74% dos bissexuais e 86% dos homossexuais, conversar sobre diversidade nas igrejas que frequentam não é uma opção. Quando estão em encontros familiares, 43% dos homossexuais e assexuais, 47% dos bissexuais e 54% dos pansexuais e não-binários sempre omitem sua sexualidade.

A “Pesquisa Diversidade Jovem 2022” ouviu 1.657 adolescentes e jovens, com idades entre 15 e 23 anos, que são ou já foram aprendizes ou estagiários do Espro, entre 19 de setembro e 16 de outubro. O índice de confiabilidade é de 99% e a margem de erro é de 3%.

“Aqui no Espro, além de prepararmos os jovens para o mundo do trabalho, estimulamos o seu protagonismo na sociedade, buscando ajudá-los a ocupar seus espaços como cidadãos plenos. Enquanto 76% de jovens homossexuais, por exemplo, admitirem não conversar ou conversar pouco sobre diversidade no trabalho, ainda teremos ambientes mais hostis do que acolhedores para eles. Isso é um alerta para que entidades formadoras e empresas tenham mais atenção com o acolhimento nos ambientes de aprendizagem e de trabalho”, afirma Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.

Ambientes acolhedores

No levantamento do Espro, 66% dos jovens afirmaram conversar abertamente sobre diversidade com os amigos e 42% disseram fazer o mesmo na escola ou faculdade. Fazendo o recorte por orientação sexual, 97% dos pansexuais, 90% dos bissexuais e 89% dos homossexuais conversam abertamente sobre sua diversidade na companhia de amigos.

Na escola ou faculdade, 64% dos jovens que se declaram bissexuais conversam abertamente sobre diversidade nesses espaços. Para os homossexuais, esse percentual é de 61%.

Contudo, muitos mostram não acreditar que a sociedade esteja pronta para aceitar as diferenças ou punir de maneira adequada a discriminação.

Sete entre cada dez jovens ouvidos afirmaram que, ao presenciar um ato de discriminação com a diversidade de algum colega, nada fariam, por não acreditar em algum efeito. Os mesmos 70% também afirmam que não prestariam apoio ao colega para não se expor. Quando a situação envolve o próprio indivíduo, 48% deixariam a situação de lado para não se expor.

Questão racial

Dentre os 47% de participantes que se declararam negros, 40% afirmaram sentir ou presenciar sempre, ou muitas vezes, situações de preconceito na escola ou na faculdade.

Episódios recorrentes de preconceito no transporte público, em consultórios médicos, restaurantes, lojas ou eventos foram relatados por 32% dos jovens negros ouvidos pelo levantamento. Para os entrevistados que se identificam com religiões de matriz africana, 44% sentiu ou presenciou preconceito nestes serviços.

Outros achados sobre a maior vulnerabilidade dos adolescentes e jovens: os negros são 9 em cada 10 jovens que estão em situação de acolhimento social e 7 em cada 10 imigrantes. Isso evidencia a fragilidade e necessidade constante de assistência social para que esta população consiga exercer sua cidadania e tenha condições de se preparar adequadamente para o convívio social e profissional.

Perfil dos entrevistados

A “Pesquisa Diversidade Jovem 2022” foi realizada por meio de um questionário online estruturado com 28 perguntas. Participaram do levantamento jovens de 15 estados mais o Distrito Federal, com predominância de pessoas de São Paulo (42%), Paraná (21%), Rio de Janeiro (9%) e Rio Grande do Sul (7%).

Os respondentes têm idade média de 19 anos, com a maioria habitando lares com três ou quatro moradores (62%) e de famílias com renda média de um a três salários mínimos (58%). Onze por cento dos adolescentes e jovens ouvidos integram famílias com renda mensal inferior a um salário mínimo.

O objetivo central do estudo é identificar o perfil de diversidade dos participantes de cursos e projetos do Espro para o embasamento das estratégias de impacto social e construção de ações direcionadas à inclusão no mercado de trabalho e ao fomento à consciência social. Nesse sentido, também foram colhidas percepções dos adolescentes e jovens quanto ao envolvimento do Espro em questões de diversidade e 68% dos jovens afirmaram já terem ouvido algum comentário positivo de um funcionário Espro defendendo a diversidade. Um dado importante que mostra o aprimoramento do ambiente organizacional da associação filantrópica.

“Esta é a primeira edição de um estudo que terá periodicidade anual e que nos ajudará a entender melhor não apenas os desafios para a inclusão de uma maior pluralidade nos ambientes que os jovens frequentam, mas também em nossa própria instituição”, comenta Alessandro Saade.