A tecnologia revolucionou o recrutamento e está ajudando jovens brasileiros, inclusive os de baixa renda, a encontrarem o seu primeiro emprego. E um dos principais motivos são os bancos de dados inteligentes, ferramentas que tornam o processo de triagem mais assertivo e ágil.

Um banco de dados inteligente não só armazena e localiza informações, mas é capaz de relacionar os dados a partir de regras preestabelecidas. No recrutamento, a ferramenta é capaz de fazer o “match” entre o candidato e a empresa de acordo com os pré-requisitos da vaga.

O Espro (Ensino Social Profissionalizante), instituição sem fins lucrativos que encaminha jovens em situação de vulnerabilidade social para o mundo do trabalho, utiliza essa tecnologia. A adoção da nova plataforma agilizou o processo interno de seleção e encaminhamento de aprendizes às empresas, explica Alessandro Saade, superintendente executivo da entidade.

“Um processo que demorava 30 dias agora pode ser feito em uma semana ou menos”, afirma Saade. “E o ganho de tempo vem com ganho de assertividade: o candidato será efetivamente o que se encaixará melhor de acordo com o que a empresa busca.”

“Como o Espro tem atuação nacional, cada empresa parceira atua numa região, tem um perfil organizacional e cada vaga tem uma característica diferente. O sistema permite localizar os candidatos a partir de características profissionais, pessoais e socioeconômicas de forma muito mais efetiva. Por isso optamos pela utilização de inovação aberta para a nossa transformação digital”, declara Saade.

Por exemplo, se uma empresa tem como foco um jovem entre 20 e 24 anos, que mora em determinada região, tem habilidade em atendimento ao público e é portador de deficiência, o sistema já seleciona os melhores rankeados, pulando fases da seleção e eliminando o trabalho mecânico de recrutadores.

Como funciona?

Denise Asnis, sócia fundadora da TAQE, plataforma de recrutamento online parceira na transformação digital do Espro, conta que a agilização do recrutamento começa com o preenchimento de dados por parte dos jovens. “O que antes era um maçante caminho por formulários agora transforma-se em um dinâmico processo que conta com ferramentas de gamificação, aulas sobre o tema e testes de conhecimento”, afirma a executiva da TAQE, que oferece um aplicativo de empregos que capacita e recomenda jovens para o mercado de trabalho.

“Tudo isso gera, para o banco de dados, o que chamamos de identidade profissional, que não é um currículo com experiência e contatos, mas sim um perfil profissional, pessoal e emocional com conhecimentos, habilidades, interesses e motivações dos candidatos”, explica Denise.

Quando uma empresa abre uma vaga, ela monta um perfil ideal e dá pesos diferentes para cada característica dos candidatos. O banco de dados inteligente, com esse compêndio de informações, consegue identificar aqueles que mais estão próximos do 100%.

“Não importa se uma empresa quiser dar mais foco para candidatas mulheres, para pessoas que moram em uma região, para jovens com renda de até um salário mínimo ou tudo isso junto. O sistema faz o ‘match’ instantâneo e já sugere, para entrevistas, os candidatos mais ideais”, afirma Denise.

“Em um país onde a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos é de 31%, bem acima da média nacional, de 14,7%, ferramentas como essas realmente vêm fazendo a diferença no mundo do trabalho”, afirma Saade. Os dados são da taxa de desemprego no Brasil no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).